
Hoje, ela é seu chão, sua rotina,
seu aconchego. Mas, um dia, eu o fui. Agora, vocês respiram o mesmo ar, e eu,
mesmo distante do seu mundo, consigo tragar a mesma brisa do nosso tempo. Para
mim, ele não acabou. No solado da minha alma, ainda somos nós. Ela existe, mas
é apenas uma ventania passageira, uma forma de afogar as carências de um
presente perturbador. Eu sou o seu eterno par, sua eterna sina, não há como
mudar. Nossos mundos são distintos, mas antes de dormir, inventei um paralelo
para ser só nosso. Sei os seus passos, suas vontades, sei também tudo sobre mim
e rezo às forças maiores para que nos
cruze, em algum instante, para que eu possa calar essa amargura que é
viver em um planeta nosso, contudo, fictício. Olho para o passado e percebo o
quão mágico foi, não há nada que me faça desgostar de você. Me apaixonou.
Busquei tanto a eternidade em nossa história, entretanto, agora só convivo com
a infinitude dos meus sentimentos e a grandeza do seu descaso. Pouco me
importa, sei que esse gosto amargo ainda sairá dos meus lábios e o sabor dos
seus beijos invadirão minhas papilas. É um misto de esperança com a crença em
pré-destinação. Você nasceu para ser meu. Seus olhos só devem ser dos meus
olhos, assim como disse o grande poeta. Sua boca foi feita para se encaixar na
minha. Seus sonhos foram feitos para serem realizados por mim. A verdade é que
não há quem te ame como eu. Não existe nesse mundo alguém que sonhe com um
futuro próspero ao seu lado. É agonizante viver sabendo que outra crê que irá
te fazer feliz, é uma tortura saber que a sua alegria instantânea é ela. Me
recolho a concha que sou, guardo minhas pérolas para ti, pois , em algum
momento, serei a sua felicidade eterna.
E acredite, felicidade é bem mais saborosa que alegria. Eterno é muito
mais intenso que instantâneo. Sigo te amando.
Sabrina Teles, 25 de setembro de
2012.