LET IT SHINE

                                         

Coração seu


Pouco me importam suas convicções e seus traumas, sou sua, meu coração é seu, deixei contigo no nosso último encontro como casal. Senti falta dele, pois para se entregar a outra história  é necessário ter coração para pulsar novas emoções. Ainda assim, não tive coragem de buscar, resolvi deixá-lo onde quis ficar. O tempo passou, e ouvi boatos que você o deixou de mão, esqueceu e o privou de carinhos. Engoli a revolta e deixei tudo como estava, intacto. Inevitavelmente, chegou o dia do reencontro, estariam lá, eu, você e meu pobre coração. Momento único, no qual poderia me libertar das amarras do seu descaso, no entanto, me prendi mais. Seu sorriso me deixou tola, e mesmo não sendo meu, transbordei amor. Parti, mais uma vez, o deixei. Ainda está aí, me disseram que se esconde em um canto secreto do seu quarto, um lugar onde entra luz. Não sei como vive, de que se alimenta, só sei que está ao seu lado, sobrevivendo por ti. Me abandonou, me deixou aqui com esse amor engasgado, sem poder ir, apenas recuar. Lamentável. Se um dia voltar, tenha a certeza que será para buscar não só meu coração, mas você, porque ele já não sabe viver longe do seu calor.

Sabrina Teles; 19/11/2012

Eterna sina


Hoje, ela é seu chão, sua rotina, seu aconchego. Mas, um dia, eu o fui. Agora, vocês respiram o mesmo ar, e eu, mesmo distante do seu mundo, consigo tragar a mesma brisa do nosso tempo. Para mim, ele não acabou. No solado da minha alma, ainda somos nós. Ela existe, mas é apenas uma ventania passageira, uma forma de afogar as carências de um presente perturbador. Eu sou o seu eterno par, sua eterna sina, não há como mudar. Nossos mundos são distintos, mas antes de dormir, inventei um paralelo para ser só nosso. Sei os seus passos, suas vontades, sei também tudo sobre mim e rezo às forças maiores para que nos  cruze, em algum instante, para que eu possa calar essa amargura que é viver em um planeta nosso, contudo, fictício. Olho para o passado e percebo o quão mágico foi, não há nada que me faça desgostar de você. Me apaixonou. Busquei tanto a eternidade em nossa história, entretanto, agora só convivo com a infinitude dos meus sentimentos e a grandeza do seu descaso. Pouco me importa, sei que esse gosto amargo ainda sairá dos meus lábios e o sabor dos seus beijos invadirão minhas papilas. É um misto de esperança com a crença em pré-destinação. Você nasceu para ser meu. Seus olhos só devem ser dos meus olhos, assim como disse o grande poeta. Sua boca foi feita para se encaixar na minha. Seus sonhos foram feitos para serem realizados por mim. A verdade é que não há quem te ame como eu. Não existe nesse mundo alguém que sonhe com um futuro próspero ao seu lado. É agonizante viver sabendo que outra crê que irá te fazer feliz, é uma tortura saber que a sua alegria instantânea é ela. Me recolho a concha que sou, guardo minhas pérolas para ti, pois , em algum momento, serei a sua felicidade eterna.  E acredite, felicidade é bem mais saborosa que alegria. Eterno é muito mais intenso que instantâneo. Sigo te amando.

Sabrina Teles, 25 de setembro de 2012.

Imunizada


Você some, se vai e, com o tempo, fica a sensação de nada. Depois, você aparece, reaparece e traz uma presença confortável. Não parece ser o ópio que fora na época da insanidade, é muito menos que isso, é uma brisa agradável. Bebo levemente a sua companhia, parece ser eterna cada fração de segundos. Me seguro para não entregar, não por orgulho, mas por amor próprio. Sou incontestavelmente egoísta. Busco a minha felicidade, o meu amanhã sem dores musculares na consciência. Incoerentes, tão contraditórios são os sentimentos que exalam quando o seu perfume está no ar. O amor esquecidinho tenta gritar, contudo, as paredes construídas pelo tempo de redenção já são muito sólidas. Grandes, gigantescas perto do seu interesse bobo de menino. Que fique a querer. Estou prevenida, imunizada de cada toque seu. Estou feliz, pela primeira vez, graças a mim. Valorizando o meu trabalho maravilhoso, mesmo sabendo que o corpo suplicava calor, o deixei partir. Com suas desilusões aprendi que de nada vale uma noite de alegria, se essa será seguida de trinta dias de tristeza. 
Sabrina Teles; 30/08/2012

Passageiramente meu


Quando você está por perto, ainda sinto que é meu. Por isso,  sinto-me obrigada a ficar junto, abraçando, beijando, sobretudo cuidando. É impossível não dizer que há um magnetismo entre nós. Nos atraímos, nos ligamos, nos sugamos. Eu, de forma parcialmente sentimental e carnal. Você, não se sabe, é mistério. Me quer, ainda sente  saudade. É tolice não admitir que há uma química entre nós. O problema é que ela é imperfeita, incoerente, insuficiente. Ela é bipolar, ora nos entrelaça, ora nos afasta. Não importa, quando estamos juntos, o amor invade e faz festa em nossos corações. O mundo deixa de existir, e criamos um novo mundo, o nosso. Os lábios insistem em se encontrar mesmo estando em momentos inoportunos. Os olhos não se desviam, e concretiza-se um trecho do poema de Vinícius que diz: “os seus olhos têm que ser só dos meus olhos”. Tão meu, tão entregue a mim. Por um momento? Sim, só por um instante. Que seja! Não me dói mais, só me traz alegria. Quando tudo passa, tudo vai embora, levo o mesmo sorriso nos lábios. A saudade não me fere, me conforta. Conformada. Hoje, tenho a certeza que você é passageiramente meu.
Sabrina Teles, 30/06/2012

À moda leviana


Após longas datas, enfim, nos chocamos nas vielas da vida.  Não fraquejei, entretanto, não me senti forte. Te olhei com olhos vazios. Olhos de boa noite que ofereço a qualquer que passe por mim. Em minha cabeça, borbulharam perguntas, mas a minha razão relutante não se deu ao trabalho de respondê-las. Fui fria comigo mesma, abafei o palpitar do coração e mantive firme o olhar no que, antes da sua chegada, sugava minha atenção. Me surpreendi ao não sentir vontade de sair correndo do alcance dos seus olhos. Pois, para mim, ainda não estava com a áurea que gostaria que me visse: completamente liberta, sem uma gota de sentimento. Nada transpareci. Vejo que estou pela metade. Estou caminhando para chegar ao ápice do esquecimento.  À culminância da liberdade do que passou. Foi bom sentir o quanto estou a progredir. É delicioso saber que estou prestes a evacuar a alma e o corpo de um amor que não te pertenceu.  Deixo a vida levar, à moda leviana. Sem esforços, não há dor, não há desgastes. Continue indo. Ao passo que você vai, coisas novas, surpreendentes e maravilhosas surgem em meu viver. Não foi uma oração, mas que assim seja.

Sabrina Teles, 20/06/2012

Sempre haverá homens


Doce mulher, cara menina, não tema a solidão. Sempre haverá homens. Você só estará sozinha se fechar a porta, mas se deixá-la entreaberta alguém vai abri-la. Sempre há homens. Sempre haverá homens. Uns entrarão só por curiosidade. Outros entrarão por vontade. Existirão aqueles que vão sentir vontade de ficar. Mas também haverá quem rapidamente saia. Não tema que um dia deixem de bater a sua porta, pois isso jamais acontecerá. Sempre há um novo marinheiro para desejar se aventurar em seu mar. Não tema. A experiência ensinará a farejar e discernir o bom marinheiro e o escroto navegante. É certo que sempre existirá o estúpido que só aparecerá quando a carência surgir. Sempre haverá aquele que nunca te procurará para nada, mesmo quando precisar, esperará por alguém que busque por ele. Sempre haverá quem diga que é pra sempre, e no raiar do sol, parta para nunca mais voltar. Mas, ainda assim, não generalize. Não massifique, não reifique homens, jamais. Pois, no entanto, sempre haverá aquele que aparecerá todos os dias. Sempre existirá aquele que te observará nos mínimos detalhes. Aquele que te chamará de linda não por comodismo, mas por te achar uma bela mulher. Existirá aquele que te amará, haverá aqueles que te amarão. E é por esses que vale a pena deixar a porta sempre entreaberta.
Sabrina Teles, 14/06/12. 

Saudade


Ouvi dizer que saudade é como sentir fome com a alma, discordo em partes. É mais que isso. Saudade é como sono pós inúmeras noites sem dormir. Ora causa melancolia, ora gera mau humor. Às vezes faz até chorar. Os efeitos são muitos, mas uma coisa é certa, só se mata quando se dorme. Quando se dorme junto. Há quem diga que saudade é sinônimo de ausência, há também quem sinta na pele o invalidar dessa hipótese: muitas vezes, se está junto, mas só de pensar na partida, a saudade já aperta e incomoda. Sou assim. Sou saudade daquilo que se foi, do que não foi e do que ainda virá. Sou constante aperto no peito. Aperto que pode ser estimulante, ou causador de desânimo. A saudade sabe estimular, ela é mestra em causar borboletas no estômago quando há certeza da presença. Entretanto, também desanima infinitamente. Machuca horrores quando é proibido ver, tocar, amar, sentir. De qualquer forma, essa saudade me faz feliz. Deixo que ela me acompanhe, sempre trazendo emoções aos meus dias comuns.
Sabrina Teles, 06/06/2012

Meu adeus


Eles avisaram que seria assim. Eles falaram que eu iria te magoar. Só você que não acreditou, preferiu confiar em mim, em minhas muitas palavras, em meu afeto frio. Acreditou tanto que se entregou. No entanto, aos meus olhos, não havia entrega, carinho dedicação. Sua forma estúpida de amar foi imperceptível aos meus sentidos. Não liguei, não olhei, apenas ignorei.  Creio muito no que sinto. Se me falasse o que realmente sente, a história poderia mudar de rumo, mas nesse agora, já não pode mais. Cansei de idealizar brilho em seus olhos, palavras em seus lábios, carinhos em suas mãos. Não estou disposta a jogar com orgulho e ignorância. Meu coração está aberto ao amor e a sinceridade. Pode ir embora, sem me dizer  adeus. Não te quero em presença, em nada me acrescenta. E, por favor, não tente mudar a minha decisão, ela é só minha e ninguém mais do que eu sabe o que é melhor a ser feito. Adeus não é tchau. Tchau é temporário. Adeus é até o fim. E estou te dizendo adeus.
Sabrina Teles, 03/06/2012

Amor a só


Muito amor senti. Amor que doía as vértebras. Amor que fazia chorar estando triste ou alegre. Amor demasiado. Amor cego. Amor que dava forças para levantar em dias de chuva. Eis que, sorrateiramente, notei o quanto estava me doando, sumindo dia após dia do mundo. O amor me sugou, me levou embora e nada deu em troca. Amei, amei e não sequer soube o que é ser gostada. Sofri quando vi que estava afogada em “eu te amos” que eram somente meus. Olhei para lado, respirei fundo e disse adeus. Despedida sufocante, pois embora me pisoteasse os sentimentos, era doloroso deixar partir o que se ama. Engoli lágrima por lágrima do meu pranto para não perder nem o líquido do meu corpo nesse adeus. Reorganizei frases, reciclei palavras, e fiz delas armas contra a solidão. Peguei aquele amor gigantesco e converti em amor próprio. Me amar todos os dias faz parte de mim. Renovei-me. Revitalizei-me. Reencontrei-me. E aqui estou eu, mais uma vez, firme. Pois bom mesmo é morrer de amor e continuar vivendo
Sabrina Teles; 30/05/2012 

Melhor, melhor amiga


Foi sem perceber que você entrou em minha vida. Fazia parte da rotina, e eu mal sabia que era peça fundamental em minha vida. Fomos crescendo, crescendo, até que viramos gente grande e foi a partir de então que começamos compreender o real significado de amizade. Percebi que o grande amigo não é aquele que está somente nos momentos de alegria, mas também nas horas tristes. Reconheci que o melhor amigo é humano, também erra, briga, se estressa, fala grosso. No entanto, esse mesmo amigo transborda companheirismo, preocupação, lealdade, confiança, sobretudo amor. São tantas qualidades, que as falhas ficam sem brilho. Com o tempo, a gente aprende amar, cuidar, lidar com cada bobagenzinha da rotina. E agora, que sei como é bom estar contigo, eu jamais te abandonarei, minha fiel e melhor amiga.
Sabrina Teles; 29/02/2012