LET IT SHINE

                                         

Irremediavelmente má

Diante de tantas exigências, mimos, manias, manhas e marras, ficarei só. Não sei não querer o máximo das pessoas, não sei me conformar com carências, não sei mudar meu jeito de ser pra me encaixar a alguém.
Grossa, fria, irritante. Temo pecar por excesso de bondade. Prefiro ser má, e não deixar que ninguém pise em mim.
É mais prazeroso pedir que o outro controle sua dor, do que controlar a própria. É mais fácil enxugar as lágrimas de alguém que te ama irremediavelmente e pedir para que te esqueça, do que enxugar seu próprio pranto e tentar esquecer alguém.
No final das contas haverá apenas eu, eu mesma, um pôr do sol, e a maldade correndo pelas veias, me impulsionando a ser cada vez mais, quem sempre fui.
Sabrina Teles, 23/02/2011

Excesso de amor


Teme olhá-la. Receia desejá-la. Sente cada partícula de amor com imensa intensidade, mas não transmite nada disso para o mundo.
As palavras estão sempre na ponta da língua, os carinhos nas pontas dos dedos, mas todas as ações não saem do mundo das ideias.
Não há nada que o faço sentir-se mais seguro, por mais que a certeza exista, a considera incerta.
Ele veleja em um barco no qual há comandante, bóias, botes salva-vidas, mas nada é suficiente para fazê-lo sentir-se livre do perigo; o medo de uma tempestade inesperada o amedronta.
Mal sabe ele, que nesse barco há uma moça, e esta, não o deixará sozinho, jamais. Ela ri ao observá-lo e sentir o seu medo do exagero; percebe que ele não se entrega por receio de ser abandonado por excesso de amor. Ame, navegante! Ame, intensamente, sem pensar! O sol virá amanhã e pode trazer mudanças. É melhor pecar por excesso do que por falta.
Sabrina Teles, 20/02/2011

Contra maré

É como café, em alguns causa vício, em outros causa repulsa. É feito chocolate, a maioria das pessoas gosta, mas ainda há quem odeie. Seria possível encontrar diversas metáforas para tentar expressar tal sentimento, mas nada é capaz de sintetizá-lo.

Para cada caso há sua regra, e para cada regra há uma exceção. Fugimos de casos, regras, exceções, nos livramos de tudo que nos levava ao caminho do comum, do casual.

O sentimento não é público, o que o difere dos outros é a particularidade nele contida. Não é necessário berrar, compartilhar, falar todo tempo. A sua existência o torna cada vez mais real. Independente do meio que ocupa.

O meio é sujo, há tudo que existe de mal nesse mundo. Mas quem foi que disse que é necessário viver no céu para se conhecer o paraíso? Ele está dentro de nós. Para a sua existência é necessário apenas eu e você, mais ninguém. Ao contrário do que muitos pensam, não é preciso que o coração seja puro de sentimentos antigos, para o novo ser real. É indispensável a sinceridade, e isso nós podemos até vender.

Não precisamos de certeza que amanhã será tudo igual, o que nos alimenta é ânsia de não saber o que será de nós. Enquanto esse aperto fizer parte da nossa rotina, será sempre assim: contrariando quem quiser remar contra maré.

Sabrina Teles; 09/02/2011