
O tempo passa. Simplesmente ele passa. Vai-se, discorre, apressa-se e não nos diz adeus. Não tem vontade própria. É inerente ao partir. Não se apega, não raciocina, contudo, deixa o seu rastro por onde passa. Nada é intencional, proposital. Ele, realmente, é incapaz de controlar os impactos que causa com sua chegada e partida.
Sente-se mal, manipulador e contraditório. Não entende como pode fazer tanto mal e bem simultaneamente, pois consigo traz rugas, mortes, mudanças, esquecimentos, e em contrapartida carrega juventudes, vidas, permanências, lembranças.
Certa vez, tentou matar-se, mas foi inútil, a imortalidade estava dentro de cada parte que o compunha. Olhou para trás, para frente, viu um grande caminho percorrido e um infinito para cursar. Aceitou-se exatamente como é: incompreensível, indecifrável e incoerente. Percebeu que todos seus caracteres, repletos de negatividade, eram ambíguos e deixavam espaço para tornarem-se positivos, pois era apenas uma questão de prefixo, e essa mudança era tarefa para quem o encontrasse.
Seguindo sua estrada, encontrou uma moça, essa o compreendeu inteiramente e viveu bem enquanto ele esteve por perto. Mas como sempre, o tempo teve que partir. Ela implorou pela sua permanência, porém, ele se foi e levou consigo toda a felicidade momentânea.
Mortal ser humano, não adianta insistir. Por mais que você o queira, ele não ficará. Não é frieza: a partida e a chegada é o que mantem a sua função.
Sabrina Teles ; 28/04/2011