LET IT SHINE

                                         

Passageiramente meu


Quando você está por perto, ainda sinto que é meu. Por isso,  sinto-me obrigada a ficar junto, abraçando, beijando, sobretudo cuidando. É impossível não dizer que há um magnetismo entre nós. Nos atraímos, nos ligamos, nos sugamos. Eu, de forma parcialmente sentimental e carnal. Você, não se sabe, é mistério. Me quer, ainda sente  saudade. É tolice não admitir que há uma química entre nós. O problema é que ela é imperfeita, incoerente, insuficiente. Ela é bipolar, ora nos entrelaça, ora nos afasta. Não importa, quando estamos juntos, o amor invade e faz festa em nossos corações. O mundo deixa de existir, e criamos um novo mundo, o nosso. Os lábios insistem em se encontrar mesmo estando em momentos inoportunos. Os olhos não se desviam, e concretiza-se um trecho do poema de Vinícius que diz: “os seus olhos têm que ser só dos meus olhos”. Tão meu, tão entregue a mim. Por um momento? Sim, só por um instante. Que seja! Não me dói mais, só me traz alegria. Quando tudo passa, tudo vai embora, levo o mesmo sorriso nos lábios. A saudade não me fere, me conforta. Conformada. Hoje, tenho a certeza que você é passageiramente meu.
Sabrina Teles, 30/06/2012

À moda leviana


Após longas datas, enfim, nos chocamos nas vielas da vida.  Não fraquejei, entretanto, não me senti forte. Te olhei com olhos vazios. Olhos de boa noite que ofereço a qualquer que passe por mim. Em minha cabeça, borbulharam perguntas, mas a minha razão relutante não se deu ao trabalho de respondê-las. Fui fria comigo mesma, abafei o palpitar do coração e mantive firme o olhar no que, antes da sua chegada, sugava minha atenção. Me surpreendi ao não sentir vontade de sair correndo do alcance dos seus olhos. Pois, para mim, ainda não estava com a áurea que gostaria que me visse: completamente liberta, sem uma gota de sentimento. Nada transpareci. Vejo que estou pela metade. Estou caminhando para chegar ao ápice do esquecimento.  À culminância da liberdade do que passou. Foi bom sentir o quanto estou a progredir. É delicioso saber que estou prestes a evacuar a alma e o corpo de um amor que não te pertenceu.  Deixo a vida levar, à moda leviana. Sem esforços, não há dor, não há desgastes. Continue indo. Ao passo que você vai, coisas novas, surpreendentes e maravilhosas surgem em meu viver. Não foi uma oração, mas que assim seja.

Sabrina Teles, 20/06/2012

Sempre haverá homens


Doce mulher, cara menina, não tema a solidão. Sempre haverá homens. Você só estará sozinha se fechar a porta, mas se deixá-la entreaberta alguém vai abri-la. Sempre há homens. Sempre haverá homens. Uns entrarão só por curiosidade. Outros entrarão por vontade. Existirão aqueles que vão sentir vontade de ficar. Mas também haverá quem rapidamente saia. Não tema que um dia deixem de bater a sua porta, pois isso jamais acontecerá. Sempre há um novo marinheiro para desejar se aventurar em seu mar. Não tema. A experiência ensinará a farejar e discernir o bom marinheiro e o escroto navegante. É certo que sempre existirá o estúpido que só aparecerá quando a carência surgir. Sempre haverá aquele que nunca te procurará para nada, mesmo quando precisar, esperará por alguém que busque por ele. Sempre haverá quem diga que é pra sempre, e no raiar do sol, parta para nunca mais voltar. Mas, ainda assim, não generalize. Não massifique, não reifique homens, jamais. Pois, no entanto, sempre haverá aquele que aparecerá todos os dias. Sempre existirá aquele que te observará nos mínimos detalhes. Aquele que te chamará de linda não por comodismo, mas por te achar uma bela mulher. Existirá aquele que te amará, haverá aqueles que te amarão. E é por esses que vale a pena deixar a porta sempre entreaberta.
Sabrina Teles, 14/06/12. 

Saudade


Ouvi dizer que saudade é como sentir fome com a alma, discordo em partes. É mais que isso. Saudade é como sono pós inúmeras noites sem dormir. Ora causa melancolia, ora gera mau humor. Às vezes faz até chorar. Os efeitos são muitos, mas uma coisa é certa, só se mata quando se dorme. Quando se dorme junto. Há quem diga que saudade é sinônimo de ausência, há também quem sinta na pele o invalidar dessa hipótese: muitas vezes, se está junto, mas só de pensar na partida, a saudade já aperta e incomoda. Sou assim. Sou saudade daquilo que se foi, do que não foi e do que ainda virá. Sou constante aperto no peito. Aperto que pode ser estimulante, ou causador de desânimo. A saudade sabe estimular, ela é mestra em causar borboletas no estômago quando há certeza da presença. Entretanto, também desanima infinitamente. Machuca horrores quando é proibido ver, tocar, amar, sentir. De qualquer forma, essa saudade me faz feliz. Deixo que ela me acompanhe, sempre trazendo emoções aos meus dias comuns.
Sabrina Teles, 06/06/2012

Meu adeus


Eles avisaram que seria assim. Eles falaram que eu iria te magoar. Só você que não acreditou, preferiu confiar em mim, em minhas muitas palavras, em meu afeto frio. Acreditou tanto que se entregou. No entanto, aos meus olhos, não havia entrega, carinho dedicação. Sua forma estúpida de amar foi imperceptível aos meus sentidos. Não liguei, não olhei, apenas ignorei.  Creio muito no que sinto. Se me falasse o que realmente sente, a história poderia mudar de rumo, mas nesse agora, já não pode mais. Cansei de idealizar brilho em seus olhos, palavras em seus lábios, carinhos em suas mãos. Não estou disposta a jogar com orgulho e ignorância. Meu coração está aberto ao amor e a sinceridade. Pode ir embora, sem me dizer  adeus. Não te quero em presença, em nada me acrescenta. E, por favor, não tente mudar a minha decisão, ela é só minha e ninguém mais do que eu sabe o que é melhor a ser feito. Adeus não é tchau. Tchau é temporário. Adeus é até o fim. E estou te dizendo adeus.
Sabrina Teles, 03/06/2012